O alargamento dos intervalos de manutenção no automóvel forçou
à restruturação da sua manutenção. Alguns componentes que até então eram
substituídos em intervenções de reparação, passaram a fazer parte da manutenção.
Mais uma vez aproveito estas linhas para ajudar a corrigir problemas nos
motores DCI. Quando a Renault pensou em construir os apoios ao movimento nestes
célebres motores, nomeadamente entre os elementos da cambota e as respetivas bielas, esqueceu-se
duma regra básica na mecânica nunca até então descurada pela maior parte dos
fabricantes, apesar de muitas variantes terem sido testadas nesta matéria. Esta
regra básica diz que entre dois componentes mecânicos em movimento deve existir
sempre um terceiro elemento com a função de facilitar a acção, contornando problemas
de aquecimento e gripagem. Os apoios de biela são talvez no motor, os
componentes mais sacrificados para que se consiga ter movimento na cambota. No
desempenho das suas funções sofrem ciclicamente esforços de compressão e pancada,
trabalhando mutas vezes no limite das suas capacidades mecânicas. Estas peças
conhecidas por capas de biela, foram evoluindo ao longo do tempo, sendo a sua
forma inicial uma chapa de ferro côncava, onde o mecânico vertia estanho no
estado líquido e ajustava com o rascador à cambota. Esta operação que durava
horas foi simplificada com a entrada em comercialização das peças de
substituição. A regra básica estava lá ou seja, o movimento acontecia entre a
face estanhada e a cambota de ferro. Para assegurar que não havia movimento
entre a face exterior da capa e a biela, eram abertas unhas de retenção entre
os conjuntos e as bielas. Durante mais de cem anos construíram-se motores com
capas de apoio fixas nas bielas. Os problemáticos motores DCI não possuem
fixação das capas nas bielas, passando estas ainda com pouco desgaste a rodarem
nos orifícios das bielas destruindo-se rapidamente. Estes componentes que até
então eram substituídos em intervenções de reparação passaram forçosamente a
fazer parte da manutenção. Para reverter esta incómoda e dispendiosa
manutenção, aconselhamos a que as bielas e as capas antes de serem montadas
visitem uma oficina de torneiro, para que sejam abertas unhas que fixarão os
conjuntos invertendo assim, um processo que se agrava com o passar dos quilómetros.
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